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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sindicalistas querem reforma

Dirigentes reivindicam reforma sindical

Michele Loureiro Do Diário do Grande ABC

Segundo dirigentes de entidades que representam trabalhadores, o País precisa urgente de uma reforma sindical. Para o presidente da CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores do Estado de São Paulo), Adi dos Santos, as regras atuais engessam o poder dos sindicatos e não são atualizadas, uma vez que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi acordada em 1943. O dirigente, que fala por cerca de 2 milhões de trabalhadores do Estado - credenciados em 260 sindicatos de 16 ramos de atividades -, ressaltou que o Grande ABC tem um sindicalismo respeitado, que foi capaz de conduzir um metalúrgico à presidência da República. Além disso, o sindicalista falou sobre a redução de jornada de 44 horas para 40 horas semanais, sem corte nos salários, que deve ser votada na Câmara dos Deputados em agosto. Por sua vez, o presidente da FEM (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos), Valmir Marques da Silva, o Biro-Biro, abordou o início da campanha de reajuste salarial da categoria, que tem cerca de 220 metalúrgicos. DIÁRIO - Quais são as principais reformas para o sindicalismo atual? ADI - Desde que a CLT foi criada, muita coisa mudou. As empresas evoluíram e o trabalhador tem outras necessidades. Se pegarmos uma pauta de reivindicações de 30 anos atrás, é possível notar que as necessidades mudaram. Hoje, além de tratar de direitos básicos, os sindicatos lutam pelas questões sociais, como licença-maternidade, inclusão, entre outras coisas. Muitas vezes não conseguimos evoluir nessas questões por falta de amparo da lei. Os sindicatos evoluíram de meros requisitantes para efetivos formadores de opinião. Nós apresentamos propostas e participamos das discussões da sociedade. Outra coisa que preocupa é que as regras atuais permitem a criação de entidades que nem sempre são sérias. Tem sindicato de tudo, até dos ‘trabalhadores que bebem água''. No País, são 18 mil sindicatos, mas só 5% discutem as questões básicas; isso acaba tirando nosso crédito. DIÁRIO - O perfil do sindicalista mudou nos últimos anos? BIRO-BIRO - Antigamente, o sindicalista só reivindicava direitos. Atualmente, o dirigente precisa ter um conhecimento contextualizado e também precisa propor soluções. Essa evolução é positiva e para auxiliar esse processo de adaptação, a CUT tem um centro de capacitação para sindicalistas em Cajamar. São vários cursos que ajudam a aprimorar os conhecimentos. DIÁRIO - O fato de o presidente Lula ser um ex-sindicalista contribui para as negociações? ADI - Sem dúvida a presença do Lula é um ponto facilitador. O Brasil não tem cultura de negociação coletiva e o presidente tem nos ajudado com isso. BIRO-BIRO - O início do governo Lula foi fundamental para a retomada dos postos de trabalho perdidos no setor metalúrgico na década de 1990. Como ex-sindicalista, o presidente mostra que o diálogo é a melhor forma de negociar. DIÁRIO - Como vocês encaram o fato de o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, não conceder reajuste salarial aos servidores públicos da cidade? BIRO-BIRO - A posição dele mudou e tenho certeza de que ele gostaria de conceder o reajuste. Só não deve fazê-lo por problemas de caixa. Marinho foi um excelente líder sindical, mas agora o cargo dele é outro. ADI - A CUT considera que o prefeito deve ceder aos trabalhadores e conceder o reajuste, ao menos a reposição da inflação do período. Sabemos que Marinho sempre defendeu isso. Não acho que há inversão de valores, ele continua sendo um ótimo negociador e saberá tomar a decisão acertada. DIÁRIO - Como a campanha de reajuste salarial dos metalúrgicos será estruturada este ano? BIRO-BIRO - Entregaremos a pauta no dia 23 de julho. Queremos reajuste da inflação do período, que deve ficar em torno de 5%, além de aumento real, mas ainda não definimos o índice. Além disso, vamos abordar questões sociais na pauta, como primeiro emprego e preconceito contra mulher e negros. Nossa data-base é setembro e este ano queremos encerrar as negociações no prazo para não fazer uso de pagamentos retroativos. DIÁRIO - Você acredita que as empresas usem a crise econômica como desculpa para não dar reajustes? BIRO-BIRO - Temos certeza de que isso vai acontecer, mas estamos preparados para contornar a situação, além disso, os números atuais mostram recuperação. DIÁRIO - De que forma a crise econômica mundial impactou o sindicalismo? BIRO-BIRO - Nós perdemos cerca de 60 mil postos de trabalho no setor metalúrgico. A base de trabalhadores caiu de 280 mil para 220 mil. Acreditamos em uma retomada, mas o impacto foi grande. DIÁRIO - Depois da aprovação da proposta de redução de jornada semanal pela comissão especial da Câmara, a medida deve sair em breve? ADI - Torcemos para isso, mas levamos 14 anos para chegar até aqui. A votação na Câmara deve acontecer em agosto, mas os empresários alegam que com os trabalhadores atuando quatro horas a menos por semana, a produção sairá mais cara. Nossa alegação é que o trabalhador tem direito a qualidade de vida e a produção só ganha com isso: funcionário satisfeito rende mais. Segundo estudos, cerca de 2,2 milhões de empregos devem ser criados com a medida. Para isso, também defendemos o aumento da hora extra de 50% para 75%, pois caso isso não seja feito, os patrões simplesmente pagam hora extra e não contratam. Para eles, o lucro está sempre em primeiro lugar e o trabalhador é só um instrumento disso.

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